Brasileira denuncia que marido sofreu abuso sexual e psicológico em centro de detenção de Plymouth (MA)

  • 05/01/2024
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Brasileira denuncia que marido sofreu abuso sexual e psicológico em centro de detenção de Plymouth (MA)

Bastante abalada, uma mineira de Inhapim que pediu para não ter o seu nome divulgado com medo de represálias, entrou em contato com a redação do Brazilian Times para denunciar que seu marido está sofrendo abusos no centro de detenção para imigrantes em Plymouth (Massachusetts). O mesmo que já foi denunciado várias vezes por violar os direitos humanos dos detentos.

Ela será identificada neste texto apenas como J. e seu esposo como R.

Os dois são casados há quatro anos e residem em Brockton (Massachusetts). Ela trabalha em um restaurante e ele, antes de ser preso, trabalhava na área de landscape.

De acordo com ela, no dia 20 de novembro de 2023, os dois estavam indo até a cidade de Quincy para comprar algumas coisas, pois naquela semana seriam celebrados o Thanksgiving e o aniversário dela. Mas no trajeto, um veículo bateu atrás do carro deles e não parou.

O casal, quando percebeu o que houve, decidiu ir atrás para buscar reparos pelos danos causados. Enquanto seguia o veículo, J. ligou para a polícia e informou o que tinha acontecido. Pouco tempo depois um oficial apareceu e os dois carros foram parados. “Mas quando contamos o que tinha acontecido, o casal que estava no outro carro disse que não foram eles. O policial também questionou e disse que não havia provas mesmo eu mostrando o estrago em nosso carro e as marcas no deles”, disse a mineira.

Ela explicou que mesmo assim, tanto o policial quando o casal de americanos que estavam no outro veículo continuou a tentar desacreditá-la. “Estava visível que o policial tomou partido na história, pois era um casal de imigrantes contra um casal de norte-americanos”, seguiu.

1 Disse que depois que o policial coletou os documentos dela e do marido, foi até a sua viatura e voltou alegando que que havia um mandado de prisão contra R. por ele não ter ido a uma audiência sobre violência doméstica. “Mas meu marido nunca encostou a mão em mim. Meu marido disse ao policial que ele estava confundido o nome dele com o de outra pessoa. Mesmo assim, o policial o levou preso e no dia 21 de novembro aconteceu uma audiência no tribunal de Quincy”, explicou.

A mineira disse que o juiz liberou o seu esposo, mas quando ele estava saindo, foi detido por agentes do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês). De lá, R. foi levado para o centro de detenção para imigrantes em Plymouth, o Plymouth County Correctional Facility. “Foi aí que o pesadelo aumentou”, disse ela.

Quando conversou com seu marido pela primeira vez, após ele ser levado pelo ICE, ele afirmou que todas as noites um guarda entrava em sua cela e apontava uma lanterna na direção do seu rosto. “Ele me disse que se cobria e encolhida o corpo com medo”, explicou. “Tentamos agendar várias audiências e foram marcadas um atrás da outra, mas nenhuma dava resultados”, continuou.

2 Contou que tudo começou a piorar na vida do seu esposo depois que um guarda entrou na cela onde ele estava e acariciou as suas partes intimas. “Ele sentiu muito medo e se encolheu na posição fetal e se cobriu”, disse.

3 Foi conversar com um dos agentes, chamado de “guarda da noite”, e contou no que tinha acontecido. Foi neste momento que o oficial se virou para ele e o chamou de louco. “Ele pegou o mei marido e o levou para a ala psiquiátrica e o deixou nu durante 12 horas. Além disso, meu marido passou por uma sessão de tortura psicológica. O agente tentou de todas as formas fazer ele confessar que queria se matar. Quando viu que R. não cederia, o liberou”, afirmou.

4 Disse que ligou no consulado brasileiro em Boston, mas não recebeu nenhuma ajuda. “Eu disse que se tratava de um caso de tortura psicológica e abuso sexual, mas me alegaram que não poderiam fazer nada. Uma mulher que atendeu o caso, identificada por Cláudia apenas aconselhou o meu marido a assinar uma deportação voluntária”, continuou.

A mineira continuou buscando ajuda da repartição consular, ligou e enviou vários e-mails. Foi então que o consulado indicou uma psicóloga e uma advogada para conversar com ela. “Eles disseram a mesma coisa, que nada poderia ser feito. Não entendo, pois se trata de uma denúncia de abuso sexual e se checarem as câmeras verão o guarda entrando na cela do meu marido, sem motivos”, se revoltou.

Um outro caso envolvendo R., a mineira conta que ele conversou com um agente identificado como Batista e contou tudo o que aconteceu. “O oficial disse que nada do que ele estava falando aconteceu e que ele estava em surto devido ao uso de drogas. Meu marido nunca usou drogas, não fuma nem bebe. Somos um casal cristão. Bastava fazer um exame para saber que ele não tinha drogas em seu organismo”, disse.

Outro sofrimento que seu marido enfrenta, bem como os demais detentos, é em relação ao frio. “Eu fui visitá-lo e percebi que todos os guardas estavam bem agasalhados e os presos tinham apenas uma coberta fina envolta no corpo”, disse. “Além disso, as vezes os guardas desligam o aquecedor”, seguiu com a denúncia.

Ela disse que na segunda vez que o marido passou mal, ele pediu remédios, mas os agentes negaram. “Ele entrou em pânico diante de tudo o que está acontecendo e chegou a desmaiar. Neste desmaio, ele bateu a cabeça e foi levado para um atendimento médico. Após alguns exames, foi constatado que ele estava com alteração no coração. “Eu só fiquei sabendo disso quando fui visita-lo, pois ninguém acusa a família sobre este tipo de ocorrido”, afirmou.

1Relatou que na terça-feira, dia 02, foi realizada uma audiência gravada e que ela entrou no chat para acompanhar. Foi desata vez que R. tentou contar o caso à juíza responsável, mas ela não acatou a denúncia e disse que precisava seguir o protocolo não poderia fazer nada para interferir nas ações do ICE. “Já não sei mais onde denunciar. Meu último recurso foi procurar a mídia, pois assim talvez uma organização ou advogado se interesse pelo caso”, desabafou.

“Só queria entender, pois existe uma denúncia e nenhuma autoridade diz que não pode fazer nada. Um agente chegou a ameaçá-lo, dizendo que se ele continuasse a pedir ajuda, eles mostrariam um lugar que ele nunca mais iria gostar de visitar. Eles fazem estas ameaças usando os seus telefones celulares pessoais”, finalizou.

A redação do Brazilian Times tentou contato com centro de detenção, mas sem sucesso.


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